As Hepatites Virais na Pandemia
Portadores de hepatites fazem parte do grupo de risco e precisam estar atentos aos cuidados.
Por Bianca Guimarães Pidpala, Biomédica no Laboratório Biolag.
As Hepatites são causadas por vírus que atingem o fígado e ocasionam infecções que podem ser leves, moderadas ou graves. Cada infecção está diretamente relacionada ao sistema imunológico do indivíduo e a suscetibilidade ao vírus. Segundo Ministério da Saúde, na maioria das vezes a infecção é assintomática e, quando presente, os sintomas podem aparecer na forma de cansaço, febre, mal estar, tontura, dor na região abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras. No Brasil as hepatites mais comuns são causadas pelos vírus A, B, e C, sendo o D e E com menor frequência.
O sistema imunológico tem por objetivo impedir a infecção viral e eliminar as células infectadas. Quando o indivíduo está com imunidade baixa, ele se torna suscetível ao vírus, levando à doença. No ano de 2020 a partir do monitoramento do Ministério da Saúde, foram registradas 38.822 pessoas em tratamento para hepatite B e 19.219 pessoas foram tratadas para hepatite C, sendo a prevalência da doença maior no sexo masculino comparada ao sexo feminino.
Pacientes com doença hepática grave, bem como cirrose hepática ocasionada comumente pela hepatite C e receptores de transplante, são vulneráveis às manifestações da COVID-19, que pode até mesmo agravar o quadro clínico quando infectado. Por conta disso, pessoas com cirrose hepática comprovada fazem parte do grupo de risco para a vacinação contra a COVID-19, como ocorre no município de Campo Largo/ PR, conforme o calendário e agendamento.
Diante dessa perspectiva, nota-se a necessidade de estarmos atentos à prevenção da doença a partir da vacina, no caso da hepatite A e B, e adoção de medidas e cuidados para evitar a contaminação da hepatite C.
TRANSMISSÃO, PREVENÇÃO E TRATAMENTO
Dentre as hepatites, o vírus A (HAV) é transmitido pela via fecal-oral (contato de fezes com a boca), através da higiene incorreta, alimentos e água não tratados corretamente, contato pessoal e sexual com infectado. Ainda não existe tratamento específico para Hepatite A, apenas a vacina como medida protetiva.
Na Hepatite B (HBV), a transmissão ocorre através da relação sexual sem preservativo, compartilhamento de agulhas contaminadas, materiais de higiene pessoal, realização de procedimentos que não seguem normas de biossegurança. O tratamento é realizado com antivirais e também é possível preveni-la a partir da vacinação.
Já a Hepatite C (HCV) é transmitida através do contato com sangue contaminado, compartilhamento de agulhas e seringas para uso de drogas, falha na esterilização de materiais de manicure, pedicure, relação sexual sem preservativo, entre outras situações específicas. O tratamento é realizado através de antivirais.
As medidas preventivas das Hepatites Virais são importantíssimas para a longevidade e boa qualidade de vida. Dentre elas, lavar as mãos após a higiene, lavar bem os alimentos, ter saneamento básico adequado, desinfecção de objetos e locais de contato com o uso de hipoclorito de sódio a 2,5% ou água sanitária, uso de preservativo durante a relação sexual.
Em caso de suspeita, o correto é fazer acompanhamento médico e realizar exames de sangue em laboratório para identificação das hepatites, sendo necessário avaliação em conjunto com a clínica e a exposição de cada indivíduo. Pois infelizmente, essa doença ainda é um problema grave de saúde pública.
Por fim, lembramos que pessoas de grupo de risco devem manter o isolamento social e os cuidados redobrados na prevenção da COVID-19, assim como toda a população.
REFERÊNCIAS: Manual Técnico para o Diagnóstico das Hepatites Virais em Adultos e Crianças. Ministério da Saúde, 2018. Portaria N°25, de 1 de dezembro de 2015. Ministério da Saúde, 2015.
Boletim Epidemiológico. Secretaria de Vigilância em Saúde, Ministério da Saúde, jul.2020.